Abaetetuba (PA): Articulação intersetorial de políticas públicas em defesa da vida

A pandemia de COVD-19 chegou ao Brasil em fevereiro de 2020 e, diante da insuficiência das respostas produzidas pelo governo federal, os entes subnacionais tiveram que assumir o protagonismo na prevenção e no controle da transmissão do novo coronavírus, buscando frear os (...)
Município
55
População
159.080 pessoas (2020)
Prefeita
Francineti Maria Rodrigues Carvalho
Sobre
Prefeita em terceiro mandato, foi secretária municipal de saúde entre 2003 e 2004. Possui graduação em Psicologia pela UFPA e Mestrado em Psicologia da Educação pela PUC-SP. É poetisa e servidora pública estadual das Fundações Santa Casa de Misericórdia do Pará e do Hospital das Clínicas Gaspar Viana.

Contexto

A pandemia de COVD-19 chegou ao Brasil em fevereiro de 2020 e, diante da insuficiência das respostas produzidas pelo governo federal, os entes subnacionais tiveram que assumir o protagonismo na prevenção e no controle da transmissão do novo coronavírus, buscando frear os efeitos sociais, políticos e econômicos de uma das maiores crises sanitárias de nossa história.

Os municípios que compreenderam prontamente a dimensão do problema foram bem-sucedidos na construção de soluções, como é o caso de Abaetetuba, a sétima cidade mais populosa do Estado do Pará. A cidade apresenta múltiplas realidades no mesmo território, contando com populações urbanas, ribeirinhas e comunidades rurais. A diversidade territorial é marcada por lacunas sociais, econômicas, políticas e ambientais, que afetam a oferta e o acesso da população aos serviços de saúde. Por causa dos diferentes contextos locais, o principal desafio do município no controle da Covid-19 era administrar o fluxo populacional intenso com deslocamentos frequentes dos residentes das ilhas tanto para a cidade de Abaetetuba quanto para Belém, capital do Estado do Pará.

Metodologia

Após o primeiro óbito pela Covid-19, a prefeitura decretou o lockdown e buscou implementar medidas para prevenir, identificar e rastrear os casos no município, na tentativa de reduzir a transmissão e evitar a contaminação das populações mais vulneráveis, como ribeirinhos e quilombolas. O município se destacou por conseguir articular múltiplas iniciativas em diferentes territórios, tais como: o fortalecimento da atenção básica de saúde por meio de ações itinerantes na zona rural e nas ilhas; a criação de um setor de epidemiologia para realizar o monitoramento e o isolamento dos casos em conjunto com a implantação de um comitê intersetorial com diferentes secretarias.

Além das medidas sanitárias, a Prefeitura também implementou pacotes econômicos, a fim de minimizar os efeitos da pandemia. Considerando que as mulheres, as pessoas negras e as populações tradicionais foram as mais afetadas pelas crises sanitária e econômica, a Prefeitura classificou esses grupos como prioridade na vacinação e no acesso aos programas sociais que foram implementados, como o programa Renda Abaeté e o projeto Costurando Saúde.

Por meio do programa Renda Abaeté, a administração municipal beneficiou famílias em situação de vulnerabilidade social e buscou reduzir os impactos da pandemia sobre a economia local. Através da concessão de um auxílio no valor de R$ 450, pago em três parcelas mensais de R$ 150 através de um vale alimentação, a população teve como adquirir alimentos diretamente do comércio local. Além disso, o projeto Costurando Saúde cadastrou costureiras, microempreendedores individuais e microempresas, todas com residência ou sede no Município, para produção de máscaras de proteção facial 100% reutilizável.

Resultados

Estudos* demonstraram que as prefeituras governadas por mulheres apresentaram 44% menos mortes e 30% menos internações por COVID-19, por terem adotado massivamente as medidas não farmacológicas para enfrentamento da pandemia tais como o uso de máscaras, a proibição de aglomerações, a implantação de cordões sanitários, limitações da circulação em transporte público e restrições ao funcionamento de negócios não essenciais.

Em Abaetetuba, as políticas de combate à covid-19 foram além, incluindo também ações intersetoriais de caráter econômico e social. Como a pandemia aprofundou desigualdades sociais pré-existentes, a gestão pública precisou olhar para a cidade de forma integral, planejando iniciativas capazes de frear a transmissão do covid-19 enquanto endereçavam simultaneamente as desigualdades sociais e territoriais presentes no município. Diante desse conjunto de iniciativas, Abaetetuba registrou uma taxa de óbitos por 100.000 habitantes inferior às médias estadual e nacional.

[1] Raphael Bruce, Alexsandros Cavgias, Luis Meloni, Mário Remígio. Under pressure: Women’s leadership during the COVID-19 crisis, Journal of Development Economics, Volume 154, 2022. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304387821001243>

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