Caruaru na liderança da Transição Energética

O Brasil tem vivenciado um constante aumento no preço do gás de cozinha, dos combustíveis e das tarifas de energia. Diante disso, há uma dificuldade de ter acesso aos recursos básicos para garantir a sobrevivência dos brasileiros, como o acesso à energia. E essa dificuldade é ainda maior se considerarmos aspectos de gênero e a raça, ou seja, mulheres e pessoas negras são as mais impactadas.

Durante a pandemia, as mulheres, principalmente as negras, lidam com as maiores taxas de desemprego, com a redução de renda e se deparam com a pobreza nos seus lares. E para driblar as dificuldades que encontram tentando realizar as tarefas domésticas, do cuidado e da cozinha, as famílias têm recorrido a medidas que podem colocar em risco a sua integridade física, como por exemplo, utilizar lenha para cozinhar.

É nesse cenário de crise energética, econômica e social que devemos discutir com urgência a transição energética para aumentar a resiliência das cidades e a qualidade de vida da população brasileira. O investimento em fontes alternativas de energia é central para superar essa dificuldade, e o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7, que trata da universalização do acesso à energia e a um preço justo até 2030, deve nortear a transição no Brasil.

Assegurar o acesso sustentável e a preço acessível à energia para todos é uma tarefa difícil e complexa, mas alguns municípios liderados por mulheres têm conseguido se destacar na implementação do ODS 7. Um exemplo deles é Caruaru, localizado no agreste Pernambucano, que utiliza os resíduos para geração de energia elétrica através do biogás e consegue abastecer, com um baixo custo, cerca de 6 mil moradias da sua zona rural.

Além das vantagens no abastecimento da energia, investir na transição energética pode impulsionar também a cadeia produtiva, o mercado de trabalho e a criação de novos empregos, principalmente no Nordeste, uma região com ampla capacidade de geração de energia eólica e solar. Através da capacitação de pessoas, é possível reinserir no mercado de trabalho digno aqueles que foram mais impactados pelo desemprego na pandemia, como as mulheres negras, reduzindo a vulnerabilidade econômica e social desses grupos.

Dessa forma, apoiar a transição energética brasileira para uma geração de energia mais verde e renovável gera oportunidades não só de impulsionar o desenvolvimento sustentável, como também cria cenários que podem reduzir a vulnerabilidade social de mais mulheres e pessoas de baixa renda. É importante também reconhecer as iniciativas lideradas por mulheres gestoras, para apoiar e incentivar que novas lideranças femininas assumam o protagonismo no âmbito subnacional e consigam fomentar a produção de energias alternativas. Nesse caminho, será possível promover uma mudança estrutural necessária na matriz energética brasileira de forma justa e inclusiva,  que  considere as questões de gênero e raça como transversais, e assegurem o desenvolvimento social na retomada econômica pós pandemia.

Por Rayana Burgpos

Foto: primeira Usina de Biogás do Nordeste – Prefeitura de Caruaru

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